José Prudêncio
Escola no Ano Zero
www.escola.joseprudencio.com
Marta Monteverde
O Efeito Que a Morte de Um Paciente Provoca Num Médico Cirurgião

Projecto de Investigação

1. Tema Geral: Sentido da vida

2. Tema específico: Médicos

3. Título: O efeito que a morte de um paciente provoca num médico cirurgião

4. Pergunta: Como lida um médico cirurgião com a morte dos seus pacientes?

5. Projecto: Entrevistar médicos cirurgiões ou que já tenham passado pela cirurgia no estágio; analisar a reacção desses médicos antes, durante e após a cirúrgia e ver até onde eles são capazes de ir para salvar um paciente; fazer uma estatistica sobre a atitude adoptada pelos médicos, para com a família, após a morte de um paciente e, por fim, concluir o efeito que a morte de um paciente, cuja sua vida estava na mão do médico, provoca na sua consciência.

Marta Luísa de Lima Monteverde

12º4 Nº 17

Parede, 18 Novembro 2009

Introdução

No bloco operatório, encontram-se “mundos”diversos e complexos ainda por descobrir – o ser humano. Um ser racional mas, mais que isso, controlado por emoções e sentimentos profundos vindos de uma espécie de alma, supõe-se. O próprio Homem está realmente distante de descobrir a sua origem, contudo, confirma a sua existência através de factos visivelmente prováveis. Muitas vezes (quase sempre), a nossa atitude ou até mesmo o nosso desempenho está condicionado por esses pequenos sentimentos que, por sua vez, nos conduzem a emoções tais que nos desgastam psicologicamente.

Na área da medicina, principalmente, lida-se diariamente com a morte, criando assim, os médicos, um hábito de rotina. Esse hábito torna-os pessoas mais fortes e emocionalmente preparadas para acontecimentos trágicos. À medida que essa rotina é interiorizada, o médico aprende a não temer a própria morte e adquire um certo respeito por ela. No entanto, ele não se transforma numa autêntica “máquina regularizada”, pelo contrário, apesar de deixar de ter medo da sua morte, teme a dos outros...

A cirurgia em Medicina

Dentro da medicina existem várias áreas, entre elas, a cirurgia. Esta, por sua vez pode-se dividir em cirurgia plástica e cirurgia clínica. A primeira é efectuada somente pela estética do paciente e, a avaliar pela estatística, raramente se dão casos de morte nessa área. No entanto, ultimamente, tem se verificado um aumento desse problema devido a complicações cirurgicas.

Caso de morte em cirurgia plástica

Foi estudado e publicado um caso em que, após a morte de uma mulher em cirurgia plástica para reconstituição estética do seio afectado por um tumor, o marido pediu indenização por danos morais e materiais. Segundo o marido, foi dito pelos médicos que a sua mulher não possuia qualquer resistência a medicamentos nem anestésicos. Passado algum tempo averiguou-se que a causa da morte da sua mulher havia sido a reacção ao medicamento anestésico.

O senhor Pedro José queixa-se ainda que a “imprudência dos médicos que administraram um medicamento de risco, sem testar, com antecedência, se a paciente era ou não capaz de absorver seus efeitos colaterais” teve como consequência, o falecimento de sua esposa.

Apesar de o caso acima exposto ser de tamanha gravidade numa cirurgia plástica, a escolha é inteiramente do paciente. Sendo assim, este deverá informar-se devidamente com o seu médico evitando possíveis erros como o caso anteriormente referido. Para além disso, o médico também sente algum desgosto que ficará a remoer na sua consciência depois de tal acontecimento. Apesar disso, muitos médicos são apenas gananciosos e não efectuam as cirurgias, tanto clínica como plástica, na ética devida, ou seja, com o objectivo de salvar ou satisfazer um paciente.

Atitude do médico antes da cirurgia

Porém, “os médicos não são Deuses” citou um médico de clínica geral do hospital central de Faro. Após várias entrevistas a médicos e, em certas ocasiões, enfermeiros do hospital de cascais e hospital central de Faro, foi feita uma estatística da qual se conclui que, a maior parte deles, antes de qualquer cirurgia sente um “nervoso miudinho”, afinal de contas “têm uma vida nas suas mãos”. Todavia o médico deve manter a calma, sentir-se física e psicologicamente preparado com um conhecimento aprofundado da história clínica do paciente. Para além disso, muitos médicos são da opinião de que se deve comunicar com o doente, informá-lo do que se passa e o que irá suceder durante a cirurgia. No entanto, o paciente raramente consegue acompanhar a linguagem científica utilizada pelos médicos, por isso mesmo, o médico deverá descer ao nível de cultura do doente para que este compreenda o que está a acontecer.

Pacientes fiéis às suas tradições

Por vezes, aparecem doentes no hospital excessivamente fiéis às suas tradições. Algumas destas estão ligadas a crenças que envolvem ritos espirituais com o propósito de curar certas doenças e estas pessoas rejeitam, variadíssimas vezes, o poder da ciência e da tecnologia. Relativamente a esses casos, um elevado número de médicos tenta explicar ao paciente que o ponto de vista clínico tem provas suficientes para obter bons resultados (dependendo das doenças). As crenças do paciente, pelo contrário, estão baseadas apenas em mitos culturais, sem provas de sucesso.

Caso de morte em cirurgia clínica

Durante a cirurgia, o médico esforça-se para manter a calma e aplicar todos os conhecimentos adquiridos aquando do estudo do paciente, de modo a não afectá-lo fisicamente ao deixar transparecer os seus próprios sentimentos. Porém, em certos casos, o médico estabelece uma relação de carinho e afecto pelo paciente, acabando por se manifestar, algumas vezes, de uma maneira negativa no bloco cirurgico. Como exemplo, faço referência a um caso específico investigado no hospital central de Faro: uma mulher que morreu a dar à luz.

O cirurgião criou laços afectivos com uma paciente grávida em estado de risco. No momento do parto, a mãe não ia conseguir sobreviver e os médicos precisavam de retirar rapidamente o bebé por cesariana de modo a conseguir salvá-lo. Contudo o médico descontrolou-se e atingiu o limite que separa a razão da emoção. Tentando fazer tudo o que estava ao seu alcance de uma maneira um pouco desequilibrada, acabou por ouvir os colegas e aceitar o facto de que se tentasse salvar a mãe e deixasse o bebé mais algum tempo na sua barriga, acabariam os dois por falecer... Salvou-se o bebé mas a frustração do médico não desapareceu tão rapidamente. Transformou-se num sentimento de culpa e pensamento de incapacidade.


Por vezes, não se conseguem distinguir alguns benefícios, do total insucesso de uma operação, como o facto de se conseguir salvar o bebé no caso previamente exposto.

Comunicação de uma morte à família

Mas o pior ainda está para vir… Comunicar a morte do paciente à família, explicar o sucedido de um modo compreensível e tentar acalmá-la. Esta informação é sempre muito complicada de ser transmitida e a família dificilmente consegue aceitá-la, atirando vulgarmente, as responsabilidades para cima do médico. Como lidar então com esta situação? Além da frustração diária que os médicos recebem por lidar com a morte, ainda têm que tolerar os muitos insultos feitos pelas famílias em luto. Por vezes a família também não entende que não existe mais nada a fazer. Em alguns casos, o paciente encontra-se numa doença terminal e o médico tenta apenas confortá-lo, dar-lhe a mão e simplesmente acompanhá-lo até ao fim, pois nem sempre existe cura. Parecendo que não, o paciente agradece…

Conclusão

Normalmente em medicina, dá-se psicologia e sociologia com o intuito de um médico conseguir lidar com todas as situações apresentadas ao longo deste trabalho e sobretudo, não deixar que estas afectem a sua vida pessoal e familiar. No entanto, nem sempre se verifica um “final feliz”, aliás, a maior taxa de suicídios encontra-se nesta profissão. Todo o stress emocional, a frustração de por vezes não se conseguir salvar um paciente e ainda, o peso na consciência da morte do doente ser da sua inteira responsabilidade devido a possíveis erros de cálculo, provocam um desgosto e uma depressão tal que conduzem o médico ao suicídio.

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Bibliografia:

http://www.portalcorreio.com.br/noticias/matImprimir.asp?newsId=9270&siteId=noticias, consultado em 28.10.09

http://www.jurisway.org.br/v2/eujuizcaso.asp?pagina=2&id_caso=36, consultado em 28.10.09

http://jornalnacional.globo.com/Jornalismo/JN/0,,AA949083-3586,00.html, consultado em 28.10.09

http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?LangType=1046&menu_id=49&id=18792, consultado em 11.11.09

http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?609, consultado em 17.11.09

http://www.scielo.br/pdf/ramb/v44n2/1993.pdf, consultado em 17.11.09

Entrevista com Doutor Diogo Machado (oncologista), no dia 04.11.09

Entrevista com José Albano Lima (medicina geral), no dia 14.11.09

Martins LAN. Atividade médica: fatores de risco para a saúde mental do médico. Rev Bras Clin Terap 1991

Dalai Lama (2004) Conselhos do Coração. Lisboa, Edições Asa

Marta Monteverde
A Prática de Bullying nas Escolas do Ensino Básico
Projecto de Investigação

1. Tema Geral: Domínio mental

2. Tema específico: Bullying

3. Título: A Prática de Bullying nas escolas do ensino básico

4. Pergunta: Como reagem as vítimas de Bullying? Quais as razões que levam à sua prática pelos estudantes?

5. Projecto: Tentarei entrevistar pessoas que já sofreram de Bullying; pesquisarei sobre esse tema em livros e internet e, por fim, pesquisarei estatísticas das crianças vítimas de Bullying em Portugal.

Marta Luísa de Lima Monteverde

12º4 Nº 17

Parede, 10 Dezembro 2009

Introdução

Diferenças… Pequenas diferenças… Diferentes experiências, diferentes personalidades, diferentes raças ou etnias, fazem de muitas crianças, vítimas de agressão física e/ou psicológica por parte dos colegas. Toda a criança que fuja ao protótipo de uma “criança normal” é desprezada, mal tratada, excluída...

Bullying é o termo, em inglês, correcto para designar estes actos de exclusão ou até mesmo violência física e psicológica, é praticado por um ou mais indivíduos com o objectivo de intimidar e/ou agredir, constantemente, outro indivíduo com uma menor capacidade de se defender. Muitas vezes, aquele que pratica este tipo de impetuosidade (bully) também já sofreu essa experiência por parte de outros colegas ou enfrenta, praticamente todos os dias, problemas em casa. Desta forma, advém a necessidade de descarregar nos mais “fracos”. Dentro desta actividade, pode-se distinguir dois tipos de prática: o bullying directo e o bullying indirecto. O primeiro é mais comum nos rapazes, tendo como maior característica, a violência física e o segundo, é mais praticado pelas raparigas, também conhecido por agressão social. Este último é específico da exclusão de uma criança através da dispersão de rumores ou críticas à maneira de vestir e aspecto físico.

Esta prática verifica-se em maior escala nas escolas primárias e do ensino básico. No entanto, também poderá ocorrer em escolas secundárias e do ensino superior.

Relação entre a vítima e o agressor

Em qualquer situação, o poder estabelecido pelo agressor é claramente superior ao da vítima. Todavia, em muitos casos, a vítima não se pode defender devido a ameaças familiares, agressivas ou até mesmo, sexuais, feitas pelo agressor. Pesquisas feitas sobre este tema referem que o bully tem uma grande necessidade de dominar, de exigir muito dele próprio e dos outros; tem comportamentos demasiado agressivos que pensa-se que provêm da infância. Uma psicóloga cita conclusivamente: "Se o comportamento agressivo não é desafiado na infância, há o risco de que ele se torne habitual. Realmente, há evidência documental que indica que a prática do bullying durante a infância põe a criança em risco de comportamento criminoso e violência doméstica na idade adulta."

São várias as técnicas de torturar a vítima até a um descontrole emocional! De entre elas, destacam-se os insultos em relação à família da vítima, à sua maneira de vestir, ao seu aspecto, à sua forma de agir, (por exemplo: passar o tempo todo a estudar, ser um “marrão” ou ser menos inteligente) à sua orientação sexual etc. Para além disso, poderão provocar estragos nos pertences da vítima e persuadir a vítima a fazer o que ela não quer, através de ameaças e chantagens. Contudo, na prática de Bullying, evidencia-se também o cyberbullying (criação de páginas falsas acerca da vítima, publicação de fotos falsas etc.)

As características únicas que definem uma criança fazem dela a vítima “perfeita” de Bullying (sardas, peso superior ou inferior, menos capacidades, pobreza etc.) São atribuídas alcunhas exageradas e caricaturas, porém, em casos extremos, os professores participam nessa “brincadeira” e chegam mesmo a humilhar a vítima em questão, ajudando desta forma, o aumento da discriminação pelos colegas.

Bullying nas escolas de Portugal

Actualmente, verifica-se um crescimento exponencial deste problema nas escolas. Refere-se, particularmente, as escolas do ensino básico, por marcarem as principais mudanças na adolescência e as novas descobertas do mundo exterior. Estes problemas surgem, principalmente, devido a pequenas diferenças nos jovens, detectadas, inicialmente, pelos adolescentes considerados “os mais populares”. Estes últimos começam por mostrar superioridade em relação à vítima, atribuem-lhe nomes que revelam a sua pior característica e espalham-nos por toda a turma.

Após o reconhecimento, por parte dos bullies, de que a vítima é incapaz de se defender e reage com uma certa inquietação às suas provocações, parte-se para a intimidação do jovem quando este se encontra sozinho. Os sítios mais vulgares para efectuar essas ofensas psicológicas são fora ou até mesmo dentro da escola, onde a supervisão adulta é mínima ou inexistente.

Em Portugal, 40% dos jovens entre os onze e os dezasseis anos sofrem com este problema e, infelizmente, ao contrário do que se pensa, este valor é absolutamente alarmante. Quase metade dos jovens portugueses são agredidos física e verbalmente, descriminados, humilhados, ameaçados, perseguidos, basicamente aterrorizados! Poucas são as pessoas que se preocupam com este problema, algumas pensam que não passa de uma simples provocação mas a verdade é que muitos entram em depressão e chegam a suicidar-se…

Bullying leva ao suicídio

Consecutivamente, são provocados efeitos nefastos na personalidade de muitas vítimas de Bullying, destacando-se alguns deles como exemplo: depressões, aumento do stress e da ansiedade, perda descomunal da auto-estima, abuso de drogas e álcool e traumas que por fim, conduzem ao suicídio de muitos jovens estudantes.

Casos estudados, pormenorizadamente nos Estados Unidos, revelam a alta taxa de suicídios provocados por este problema. Curtis Taylor foi vítima de Bullying durante três anos, foi espancado, insultado, discriminado e excluído por todos os colegas. Dia 21 de Março de 1993, não suportando toda aquela dor, aquele desgosto, aquele pensamento de fracasso e invisibilidade, suicidou-se. Jeremy Wade Delle, outro caso estonteante de 15 anos, seguiu o mesmo exemplo de Curtis e, após adquiridos problemas irreversíveis para a sua mentalidade, suicidou-se perante toda a turma no dia 8 de Janeiro de 1991, de modo a criar algum ressentimento nos colegas que o fizeram sofrer durante 5 anos consecutivos.

Os comportamentos das/dos crianças/jovens nunca mais serão os mesmos! Estes indivíduos tendem a mostrar-se quietos, tímidos, receosos, aquando do sofrimento que passam na escola. No entanto, eles apresentam sinais, perdem a motivação por ir à escola e deixam de sair com os colegas, trancam-se no quarto e permanecem fechados durante horas, choram, desejam que todo o sofrimento acabe, desejam morrer… mas o facto é que, há pais que não se preocupam, outros não demonstram confiança para o filho se abrir e muitos, simplesmente, não reconhecem esse problema.

Conclusão

Bullying é um problema verificado em vários países com uma taxa de ocorrência cada vez maior. É um problema bastante preocupante visto que a segurança psicológica e física de uma criança depende, manifestamente, dele. Apesar de existirem várias linhas de apoio a vítimas de bullying, muitos casos não chegam a ser revelados, pelo que se deve recorrer a uma maior educação dos jovens, por parte dos pais e professores, de modo a evitar sequer a ocorrência deste tipo de problema. Os pais deverão ouvir mais o que os filhos lhe têm para dizer, qualquer que seja o tema, sem começarem logo a discutir, de maneira a obterem a confiança dos filhos e aconselhá-los consoante as suas experiências de vida. Estabelece-se assim uma maior cooperação entre pais e filhos e, consequentemente, entre a sociedade.

Deixa-se assim, o apelo feito por uma vítima anónima que já sofreu de Bullying: “Se conhecer alguma situação de violência entre os estudantes, não participe dessa chamada «simples brincadeira», converse com ele, tente apoiá-lo, tente aumentar a auto-estima do sujeito e, por fim, tente convencê-lo de que será melhor avisar alguma entidade superior, mas, por favor, não ignore a situação”.

7494 Caracteres

Bibliografia

http://pt.wikipedia.org/wiki/Bullying, consultado em 25/11/09

http://www.espacoacademico.com.br/043/43lima.htm, consultando em 25/11/09

http://sites.google.com/site/bullyingonweb/av%C3%ADtimadebullying, consultado em 02/12/09

http://www.bullying.com.br/BConceituacao21.htm, consultado em 02/12/09

http://www.bullyingescola.com/, consultado em 02/12/09

http://bullying35.blogs.sapo.pt/, consultado em 08/12/09

Entrevista com Cristina (nome anónimo), ex-vítima de Bullying, no dia 05/12/09

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Última actualização: 13 de Dezembro de 2009
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