Introdução
Neste trabalho de investigação irei tentar saber se a manteiga de amendoim, um dos símbolos das famílias norte-americanas, pode ser uma solução viável para a fome mundial.
História da manteiga de amendoim
O primeiro registo de uma pasta de amendoim vem dos chineses. Em África desde o séc. XV que se desfaziam amendoins. Nos Estados Unidos os soldados da Guerra Civil jantavam ‘peanut porridge’ (puré de amendoim), no entanto estas “mistelas” nada tinham haver com a manteiga de amendoim que hoje conhecemos.
Em 1890, um médico não identificado encorajou o dono de uma companhia de produtos alimentares, George A. Bayle Jr., a processar e comercializar pasta de amendoim como um suplemento nutritivo para as pessoas com dentes podres e que não conseguiam mastigar carne. Esta foi a primeira comercialização de manteiga de amendoim, cada meio quilo custava aproximadamente 6¢
A primeira patente foi registada pelos irmãos Kellogg’s, em 1895, mas esta manteiga de amendoim não era tão saborosa como a de hoje pois os amendoins eram cozinhados a vapor, em vez de torrados antes de serem moídos. Os irmãos Kellogg concentraram-se, então, nos cereais que lhes trouxeram reputação mundial.
Em 1903 o Dr. George Washington Carver começou a sua investigação relacionada com o amendoim. O Dr. Carver, que já tinha desenvolvido a manteiga de amendoim, desenvolveu mais de 300 outras utilidades para o amendoim.
Hoje em dia a manteiga de amendoim é muito parecida com a que era produzida há 100 anos, cada frasco contém, no mínimo, 90% de amendoins.
Como é feita
Os amendoins ao chegarem à fábrica são inspeccionados para assegurar a qualidade, seguidamente são torrados em fornos especiais que torram uniformemente. Depois de torrados são rapidamente arrefecidos com ventoinhas que fazem com que o ar circule mais depressa; este arrefecimento rápido é necessário para manter a cor homogénea e para evitar a perda de muito óleo.
Os amendoins já tostados passam para uma máquina que os esfrega gentilmente para que fiquem sem a casca. A casca é separada e os amendoins limpos e processados.
Para finalizar os amendoins são moídos em duas fases diferentes; se fossem moídos numa só fase aqueceriam demais e o sabor ficaria comprometido. Na primeira fase são moídos sem acrescentar nada, na segunda é adicionado sal, adoçante e estabilizador, que impede o óleo de se separar.
Informação nutricional
2 colheres de sopa de manteiga de amendoim contêm:
-10% da DDR (Dose Diária Recomendada) de Calorias, que dão energia;
-13% da DDR de Proteínas, que ajudam a reparar os tecidos e a formar novos, a manter os níveis de fluidos e a criar anticorpos;
-8% da DDR de Fibras, que reduzem o risco de alguns cancros, a controlar o nível de açúcar no sangue e podem ajudar a reduzir o nível de colesterol;
-24% da DDR de Gorduras, que são os portadores de vitaminas A,D e E e que ajudam a manter uma pele saudável;
-22% da DDR de Vitamina E, um antioxidante que protege a Vitamina A, as células e os tecidos de danos, é importante para o sistema imunitário e pode ajudar a prevenir o aparecimento de tumores;
-24% da DDR de Niacina, que ajuda a libertar energia dos alimentos e a manter uma pele saudável, o sistema nervoso e os tubos digestivos;
-7,5% da DDR de Folato, importante para o desenvolvimento de novas células, principalmente durante o período de gravidez e crescimento;
-8% da DDR de Vitamina B6, que sintetiza e destrói proteínas e cria glóbulos vermelhos que transportam o oxigénio para as células;
-15% da DDR de Magnésio, importante no desenvolvimento dos ossos e dos dentes, na síntese de proteínas, na transmissão de impulsos nervosos e na manutenção da temperatura corporal;
-13% da DDR de Fósforo, um componente de todos os tecidos moles, fundamental para o crescimento dos ossos e dos dentes;
-9% da DDR de Cobre, importante na formação de hemoglobinas, na saúde dos ossos, das veias e artérias e dos nervos;
-7% da DDR de Potássio, necessário para manter o nível de água e sintetizar proteínas, ajudando a libertar a energia dos nutrientes e na transmissão de impulsos nervosos;
-6% da DDR de Ferro, que ajuda no transporte e distribuição de oxigénio nas células;
-6% da DDR de Zinco, que ajuda na síntese de proteínas, cicatrização de feridas, formação de novas células sanguíneas, percepção do sabor, regulação do apetite e capacidade de adaptação a áreas com pouca luminosidade;
-2% da DDR da Cálcio, necessário ao desenvolvimento de ossos e dentes saudáveis.
Manteiga de amendoim contra a fome mundial
Investigadores da Universidade Washington em St. Louis promovem manteiga de amendoim fortificada como uma potencial arma para as crianças desnutridas em todo o mundo.
A equipa de investigação levou vários anos a investigar o uso de uma mistura de manteiga de amendoim fortificada Ready-to-Use Therapeutic Food (RUTF) em pequenos grupos de crianças desnutridas do Malawi. Os seus resultados, publicados na Maternal and Child Nutrition, revelaram uma taxa de recuperação de 89% em crianças gravemente desnutridas.
“As mães de Malawi sabem que a malnutrição é a maior ameaça individual à existência dos seus filhos”, afirmou o co-autor Mark Manary.
Nos países em desenvolvimento, uma em cada quatro crianças (cerca de 146 milhões) apresenta baixo peso de acordo com as estatísticas da UNICEF. Em cada ano, aproximadamente 10.9 milhões de crianças com idades inferiores a 5 anos morrem nos mesmos países, sendo a desnutrição e doenças relacionadas com a fome a causa de 60% destas mortes.
A mistura RUTF contém amendoins, leite em pó, óleo, açúcar e vitaminas e minerais adicionados. Para o projecto, a mistura foi produzida numa fábrica no Malawi e doada ao mesmo através de financiamentos da UNICEF e do World Food Programme.
Como parte do projecto de 3 anos, a assistência de saúde da comunidade identificou crianças grave e moderadamente desnutridas com base nas directivas da OMS, sendo depois oferecida manteiga de amendoim às respectivas mães para que estas a pudessem oferecer às crianças em casa.
Os participantes foram seguidos todas as semanas durante 8 semanas. Das 2.131 crianças gravemente desnutridas tratadas com a mistura, 89% recuperaram e das 806 crianças com desnutrição moderada, a taxa de recuperação foi de 85%.
“A alimentação com manteiga de amendoim foi um avanço na alimentação das crianças desnutridas em África (...) As taxas de recuperação são uma melhoria extraordinária em relação à terapêutica padrão, habitualmente utilizada nestes casos”, afirmou Manary.
Embora os investigadores tivessem já visto resultados positivos no uso de manteiga de amendoim para a desnutrição, não tinham tido ainda a oportunidade de a utilizar em programas de alimentação de larga escala até agora.
“O que é realmente estimulante para mim é que demonstrámos que conseguimos colocar esta investigação em prática em larga escala, que pode beneficiar milhões de crianças e que não vão haver barreiras operacionais em algumas situações muito remotas como África sub-Sahariana”, afirmou Manary.
Em 2001, Manary fundou uma organização sem fins lucrativos Peanut Butter Project que produz cerca de 300 toneladas de RUFT no Malawi todos os anos. O combate à desnutrição através de métodos não clínicos pode ser importante devido à falta de pessoal médico especializado em muitas áreas. A equipa de investigação demonstrou que o programa de alimentação com manteiga de amendoim e o envolvimento essencial da assistência da comunidade conseguiram realizar essa tarefa.
Conclusão
A manteiga de amendoim fortificada pode realmente ser a chave para a desnutrição, no entanto é preciso que haja apoio económico dos países do 1º mundo, só assim o Peanut Butter Project se poderá expandir e prestar apoio a toda a África subnutrida.
6920 caracteres.
Bibliografia
http://www.peanutbutterlovers.com/ , visitado a 7 de Dezembro de 2009
http://www.apdietistas.pt/noticias/manteiga_de_amendoin_fome_mundial.html , visitado a 30 de Novembro de 2009
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