Introdução
O tabagismo faz parte da sociedade actual e, por isso inflencia-nos a todos. Segundo um artigo publicado na revista portuguesa de pneumologia, em 4396 cidadãos, 76,3% dos portugueses com cancro no pulmão são fumadores ou ex-fumadores (56,8% e 19,5%, respectivamente). Por estes números, pode-se notar que o tabagismo influencia bastante a nossa sociedade.
Com base em vários estudos e artigos, esta investigação visa explorar o conceito de tabagismo nalgumas das suas vertentes, bem como as causas pelas quais os jovens começam a fumar.
O Tabaco
Tabaco é um nome comum que atribuímos à planta Nicotiana tabacum, com origem na América do Sul, de onde se extrai a nicotina, esta substância provoca dependência química e dificulta a circulação sanguínea. Para além da nicotina, o tabaco é também constituído por monóxido de carbono, responsável pela diminuição da oxigenação do sangue; alcatrão, formado por várias substâncias cancerígenas que se depositam ao longo das vias respiratórias e outras substâncias, sendo também algumas cancerígenas.
Ao acto de fumar e consequente dependência física e psicológica do consumo de nicotina dá-se o nome de tabagismo. Os que inalam involuntariamente o fumo libertado pelos cigarros dos fumadores são denominados fumadores passivos.
Como ocorre a dependência
A dependência do tabaco está estritamente relacionada com a inalação de nicotina juntamente com o fumo. Esta provoca o aumento da concentração de dopamina (neurotransmissor percursor da adrenalina), que activa os mecanismos de recompensa do cérebro, nos quais há a libertação de neurotransmissores em resposta a um estímulo. Quando o cigarro acaba, o estímulo termina e a concentração de dopamina diminui. Esta diminuição irá provocar a ansieadade e necessidade de fumar outro cigarro, de maneira a repor os níveis de concentração deste neurotranmissor.

O cumprimento deste ciclo torna-se uma necessidade para o bem-estar físico e psicológico dos fumadores, traduzindo-se numa dependência química.
Actualmente, é considerada, por alguns investigadores, a existência de compostos no fumo do tabaco, sem ser a nicotina, que são responsáveis pela inibição da enzima MonoaminaOxidase. Esta tem como função a degradação de determinadas monoaminas (derivadas de aminoácidos através de processos de descarboxilação), com o objectivo de controlar as concentrações das mesmas, de entre as quais a dopamina.
Consequências
As consequências do consumo de tabaco são muito debatidas, mas o tabagismo continua a ser, em vários países, a maior causa de morte.
Algumas das doenças associadas ao tabagismo são: cancro do pulmão, da laringe, do esófago, entre outros; doenças cardiovasculares; acidentes vasculares cerebrais e dificuldades respiratórias. Mais especificamente nos fumadores adolescentes diminui a capacidade de apredizagem e memorização, em consequência da menor oxigenação do sangue e irrigação do cérebro.
O tabagismo pode ter também algumas consequências perceptíveis no dia-a-dia, como a diminuição do paladar e olfato, pressão arterial e frequência cardíaca alteradas e ainda problemas de circulação.
Apesar de todos os malefícios comprovados do tabaco, alguns estudos sugerem que este está associado a uma menor incidência da doença de Parkinson, entre outras, e que alguns doentes esquizofrénicos utilizam o fumo como auto-medicação contra a ansiedade.
Tratamentos
Existem vários métodos para deixar de fumar, e a sua eficácia é variável de pessoa para pessoa. Segundo as entidades de pesquisa à cerca da desabituação tabágica, os fumadores devem seguir as seguintes etapas:
1. Marcar uma data para deixar de fumar e informar os mais próximos da mesma;
2. Reformular os ambientes frequentados, para que estes não lhe lembrem o cigarro;
3. Praticar exercício físico ou outras actividades, bem como alterar hábitos que promovam uma recaída, como beber café (por ser um estimulante) e o consumo de álcool;
4. Recorrer, se necessário, a um médico ou enfermeira para que lhe aconselhem um fármaco adequado (são exemplos os adesivos e pastilhas de nicotina).
Tabagismo na adolescência
A iniciação deste vício ocorre preferencialmente durante a adolescência, devido ao facto de esta representar um período de grande instabilidade emocional, consequente de um processo de formação individual e integração numa sociedade.
A maioria dos jovens começa a fumar para se inserir num determinado grupo que já possui esse hábito, como resistência à autoridade que os pais representam na sua vida ou até para se afirmarem como adultos, na medida em que tomam as decisões relativas à sua vida e aos seus hábitos. Outra grande influência é a publicidade, mais especificamente a ideia que esta transmite: de que “fumar é socializar”.
Segundo um estudo realizado pela Faculdade de motricidade humana, num grupo de 6903 jovens, a distribuição dos fumadores consoante as idades, corresponde ao seguinte gráfico:

Outra conclusão retirada desse mesmo estudo é o facto de, nos jovens inquiridos, ser maior a percentagem de raparigas fumadoras (gráfico 2).

Apesar de todos os avisos e toda a informação acerca dos malefícios do tabaco o número de jovens fumadores continua a aumentar. Este facto é condicionado, não só pelos amigos como também, pelos hábitos tabágicos dos pais (gráfico 3).

Deste modo, a origem deste vício pode ter por base vários factores. E este mesmo vício pode ser um factor promotor do desenvolvimento de outros maus hábitos, como por exemplo o consumo de álcool e drogas e uma alimentação incorrecta.
Reflexão
Hoje em dia, acabamos todos por fumar, de uma maneira ou de outra: se não fumamos o nosso cigarro, respiramos o fumo dos outros.
O direito de “não fumar” foi, pela primeira vez, valorizado com a criação da lei contra fumo em locais fechados. Na minha opinião, esta lei é essencial, dado que tal como os não fumadores são obrigados a respeitar o vício de tantas pessoas, devem também ser minimamente protegidos.
Mais especificamente, em relação ao tabagismo na adolescência penso que é seguido o princípio errado. Começar a fumar para mostrar uma personalidade forte ou que se é adulto reflecte um comportamento infantil e imaturo, na medida em que começar a fumar implica não considerar as consequências ou, simplesmente, ignorá-las.
Deste modo, penso que existem formas melhores de crescer!
Conclusão
Apesar do tabagismo estar a diminuir, em Portugal, a percentagem de jovens fumadores continua a aumentar e a preocupar o conselho de prevenção do tabagismo, visto que, segundo este, 85% dos jovens entre os 11 e os 18 anos fumam. Se tivermos em conta as consequências do tabaco, estes números tornam-se assustadores.
Sendo o tabaco um vício individual e legal, actualmente, a única medida que é possível tomar consiste na sensibilização para os malefícios do tabagismo e a facilitação dos meios para largar este hábito, como por exemplo os fármacos que auxiliam a sua desabituação e que, neste momento, se encontram a preços exurbitantes.
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Bibliografia
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