José Prudêncio
Escola no Ano Zero
www.escola.joseprudencio.com
Catarina Almeida
Tatuagens? Para quê?

Projecto de Investigação

1. Tema geral: Sentido da vida

2. Tema específico: Área de Projecto

3. Título do trabalho: Finalidades da tatuagem

4. Pergunta a que o trabalho responde: Por que é que as pessoas fazem tatuagens?

5. Programa: para responder a esta questão pretendo analisar resumidamente a história da tatuagem, perceber como surgiu e entrevistar pessoas que tenham tatuagens.

Catarina Machado Almeida

12º. 3, nº. 4

Estoril, 18 de Novembro 2009

1. Introdução

Escolhi este tema porque diariamente ouço pessoas a perguntarem-se: "Qual será o sentido de fazer algo que estará para sempre no nosso corpo?" ou "O que leva as pessoas a “imprimir” uma imagem na sua pele e correr o risco de ficar com graves infecções no corpo?".

Certas pessoas afirmam que a tatuagem não tem utilidade e que é algo inútil. Com este trabalho pretendo mostrar o contrário, estudando as diversas finalidades que teve algo dos anos.

2. Origem da palavra

O criador da palavra "tattoo", que conhecemos actualmente, foi o capitão James Cook (também conhecido por ter descoberto o surf), que escreveu no seu diário a palavra "tattow", também conhecida como "tatau" (era o som feito durante a execução da tatuagem). Com a circulação dos marinheiros ingleses, a palavra Tattoo entrou em contacto com diversas civilizações pelo mundo.

4. Como começou

A tatuagem, ao contrário do que se pode pensar, não é algo recente. Desde o período da Pré-História que o ser humano começou a desenvolver a sua criatividade. Gravava desenhos nas paredes das cavernas, que utilizava como meio de comunicação (pois ainda não existia a escrita). Acredito que o processo de tatuar pinturas e símbolos tenha começado também por volta deste período, não voluntariamente, mas penso que foram marcas adquiridas em guerras, lutas corporais e caças.

Só mais tarde é que o ser humano passou a fazer ele mesmo os seus próprios ferimentos pelo corpo e, assim, a criar desenhos utilizando tintas vegetais e espinhos. Estes desenhos tinham a finalidade de representar fases da vida biológica como nascimento, puberdade, reprodução e morte.

5. Finalidades da tatuagem até aos dias de hoje

5.1. Decoração/Cosmética

No Egipto, foram descobertas múmias com marcas de cruzes, desenhos tribais e espirais por todo o corpo. Muitos antropólogos defendem que essas tatuagens em múmias do sexo feminino tinham um efeito cosmético, com a finalidade de realçar os seus encantos.


5.2. Estatuto Social

Na Samoa, o acto de pintar o corpo simbolizava a passagem da infância para a fase adulta. Enquanto um samoano não fosse marcado, por mais velho que fosse, não teria poder e não poderia possuir uma esposa. As tatuagens tinham a finalidade de indicar o estatuto social da pessoa. Quantas mais tatuagens tivesse mais alto seria o seu cargo.

Durante a Idade Média, na Europa, a tatuagem foi banida pela Igreja Católica, com o argumento de que era "coisa do demónio". Qualquer cicatriz, má formação ou desenho na pele não era visto com bons olhos. Essas pessoas eram perseguidas, aprisionadas e mortas em fogueiras pela inquisição.

Na era moderna, a tatuagem passou por vários anos de marginalidade, mas retorna a ser questão de relevância na nossa sociedade quando surge em artistas de música, cinema e em pessoas comuns.

5.3. Forma de revolução/Manifestação

No Japão, as tatuagens eram efectuadas como forma de punição, tornando-se sinónimo de criminalidade. Para o japonês, ser tatuado era pior do que a morte. Mas na Era Tokugawa (ditadura militar feudal), ser criminoso tornou-se sinónimo de resistência, popularizando a tatuagem. Foi nessa época que surgiu a Yakuza (máfia japonesa) cujos membros têm os corpos todos pintados em sinal de lealdade e sacrifício à organização e simbolizando a sua oposição ao regime.

5.4. Poder

Os chineses acreditavam que as tatuagens desviavam o mal de quem as possuía e marcavam a pele com labirintos sinuosos para confundir os olhos do inimigo.

Na Europa, os Pictus (povo antigo nórdico) faziam desenhos definitivos pelo corpo porque acreditavam que as tatuagens lhes davam poder e força e, por isso, os guerreiros, depois de um acto de bravura, recebiam tatuagens que tinham a finalidade de distrair o inimigo.

5.5. Religião/Usos espirituais

Na América, as tribos indígenas dos Estados Unidos e as civilizações Maias e Astecas, eram praticantes da tatuagem. Os Maias gravavam as imagens dos seus deuses na própria pele. Para os Índios Sioux, tatuar o corpo servia como uma expressão religiosa e mágica. Eles acreditavam que, após a morte, uma divindade aguardava a chegada da alma e exigia ver as tatuagens do índio para lhe dar passagem ao paraíso. Interpretações semelhantes faziam parte da maioria das culturas indígenas norte-americanas, mas devido à colonização, tanto a tradição foi esquecida, como os registos históricos foram perdidos.

Os nativos da Polinésia, Filipinas, Indonésia e Nova Zelândia (maori), tatuavam-se em rituais complexos, sempre ligados à religião. Os maori destacaram-se pela criatividade do Moko (tatuagem tradicional feita no rosto).

Falando de novo dos Pictus, estes acreditavam que os desenhos ficavam impressos na alma para que pudessem ser identificados após da morte pelos seus antepassados.

5.6. Identificação

Durante séculos, os marinheiros faziam tatuagens com a finalidade de permitir a identificação em caso de se afogarem (pois as tatuagens não são destruidas pela água), possibilitando o aviso a familiares e amigos. Esta técnica ainda é utilizada hoje em dia na Marinha Real Britânica (Grã-Bretanha).

Em 1879, o Governo da Inglaterra adoptou a tatuagem como uma forma de identificação de criminosos, a partir daí a tatuagem ganhou uma conotação fora-da-lei no Ocidente.

No período do contacto precoce entre os Maori e os europeus, os chefes maori desenhavam o seu moko no documento no lugar da assinatura.

Ainda durante o Holocausto, os Nazis utilizavam a tatuagem como um sistema de identificação nos campos de concentração.

6. Como vemos a tatuagem nos dias de hoje

Hoje, a tatuagem deixou de ser um símbolo de marginalidade, passando a ser uma forma de expressão individual de arte e estética do corpo. São cada vez mais utilizadas como maquilhagem permanente (cosmética) e na medicina.

A maioria das pessoas costuma fazer tatuagens por dois motivos, ou para ficar na moda ou para tatuar algo que marcou as suas vidas. Mas seja por que motivo for, ainda existem muitas pessoas discriminadas por terem os seus corpos tatuados. Entrevistei uma mulher que se canditatou para hospedeira de avião, mas por ter apenas uma estrela tatuada no tornozelo foi logo posta de parte. Acho injusto, pois penso que ela tinha todas as habilitações necessárias para ter um bom desempenho no trabalho.

7. Conclusão

Ao longo da história, a tatuagem assumiu diversos significados: arte, estatuto social, proteção médica e religiosa, rebeldia, afirmação pessoal e social.

Posso concluir que a tatuagem pode ter diversas finalidades e que não deveria ser objecto de preconceito, só porque as pessoas não apreciam esse género de arte.

6549 caracteres.

Bibliografia

Rodrigues, Amana (s.d.) A História da Tatuagem Online in http://www.portaltattoo.com/tatuagem/historia/ consultado em 12.11.2009.

Rio, Joana (s.d.) A História das tatuagens. Online in http://joanario.no.sapo.pt/tatto_tempos.htm consultado em 12.11.2009.

Anónimo 1 (2009) “Por que fazer tatuagem?” Online in http://www.belezaesaude.org/tatuagens consultado em 15.11.2009.

Anónimo 2 (2009) Tatuagem. Online in http://arkeologista.blogspot.com/2009/07/tatuagem.html consultado em 12.11.2009.

Wikipedia (s.d.) Tattoo. Online in http://en.wikipedia.org/wiki/Tattoo#Purposes, consultado em 12.11.2009.

Catarina Almeida
A Questão do Incesto
Projecto de Investigação

1. Tema geral: Ética

2. Tema específico: Tabu / Incesto

3. Título do trabalho: A questão do incesto

4. Pergunta a que o trabalho responde: Será legitimo dois familiares terem uma relação amorosa?

5. Programa: para elaborar este trabalho pretendo investigar e analisar os argumentos que respondem à questão e entrevistar pessoas para saber as suas opiniões.

Catarina Machado Almeida

12º. 3, nº. 4

Estoril, 12 de Dezembro 2009

1. Introdução

A questão do incesto (do latim incestu, união sexual ilícita entre parentes consanguíneos, afins ou adoptivos) é um tabu universal. Tem diversas variantes e está presente em todas as épocas, religiões e culturas. A proibição do incesto é discutida a nível biológico, social e psicologico. No antigo Egipto era visto quase como uma obrigação para os familiares reais, mas hoje em dia a maioria das pessoas considera imoral ou eticamente incorrecto. Entendo naturalmente que seja visto por esses olhos, em casos de incesto onde podemos encontrar factos evidentes de violação e/ou pedofilia. Mas quando se trata de dois primos ou irmãos que estão apaixonados um pelo outro, têm uma relação saudável e estável custa-me a aceitar as condenações de prisão, a pena de morte (em alguns países do mundo) ou a privação ao casamento.

Decidi fazer este trabalho para mudar a visão das pessoas acerca deste tema. Não vou falar de todas as variáveis do incesto, centrei-me apenas na relação amorosa entre primos e irmãos. Também vou falar das proibições das religiões e sobre as opiniãos/teorias de Sigmund Freud e de Claude Lévi-Strauss.

2. Relações amorosas

A ciência defende que ninguém escolhe por quem se apaixona. Pode ser por uma mulher, homem, primo/a, irmão/irmã ou mesmo pela mãe ou pai. Não conseguimos controlar as reações químicas que ocorrem no nosso corpo (produção de dopina, norepinefrina e feniletilamina).

As relações incestuosas podem ocorrer involuntariamente, se nenhuma das duas pessoas tiver conhecimento que são parentes, ou voluntariamente. A maioria destes casais vivem juntos sem qualquer problema, como duas pessoas que não têm qualquer tipo de parentesco.

2.1 Entre primos

As relações amorosas entre primos são as que ocorrem com mais frequência em terras com poucos habitantes ou em famílias numerosas e são as mais socialmente aceites, pois como os primos nao costumam viver na mesma casa e são vistos mais como amigos do que familiares.

2.2 Entre irmãos

Muitos sentem “impressão” e repugnância ao ouvir falar desta variável de relação incestuosa. Dizem ser dificil imaginar um amor entre irmãos. Não acreditam que possa existir paixão entre pessoas que vivam na mesma casa desde a nascença.

No entanto, se esta acontecer involuntariamente é considerada aceitável. No livro Os Maias de Eça de Queiroz, Carlos e Maria Eduarda vivem um amor pleno e intenso mas involuntariamente incestuoso. As pessoas que leram o livro afirmam que se ocorresse actualmente estariam à vontade com a situação.

3. Sigmund Freud e o complexo de Édipo

Na mitologia grega existem diversos casos de incesto, como o de Zeus com a sua irmã Deméter ou o de rei Tias com a filha Mirra. Mas a mais conhecida de todas as histórias é a de rei Édipo com a sua mãe Jocasta. Sigmund Freud ao estudar esta história tentou provar a importância do complexo de Édipo na formação do sujeito.

Freud não percebia a razão da proibição do incesto. Não seria por razões biológicas, pois se a possibilidade de ocorrência de relações incestuosas fosse biologicamente negada, estas não precisariam de ser proibidas por leis sociais, mostrando que a questão passa apenas por aspectos socio-culturais.

Ele estudou que, no período da Pré-História, a rivalidade pela posse das mulheres levava os machos jovens a matarem e comerem o pai. O sentimento de culpa subsequente a este crime teria levado à criação das leis contra o assassinio e o incesto.

4. Claude Lévi-Strauss e o incesto

Tal como Freud, para Strauss o tabu do incesto estaria ligado às regras sociais e não biológicas, pois se houvesse um horror natural ao incesto ou falta de desejo de praticá-lo, não seria preciso proibi-lo.

Os seus argumentos são de dificil compreensão e aceitação, devido a sua originalidade e estranheza. Ele afirma que a proibição do incesto é universalmente imposta a fim de estabelecer a "troca de mulheres entre homens". Ele recusa-se a enfocar a proibição do incesto em termos biológicos ou psíquicos, pois o que realmente importa, são as razões que fazem do incesto algo socialmente inconcebível:

Nada existe na irmã, na mãe, nem na filha que as desqualifique enquanto tais. O incesto é socialmente absurdo antes de ser moralmente condenável (LÉVI-STRAUSS. 1976)

5. Religiões

5.1 Cristã / Católica

Segundo o Catecismo da Igreja Católica, incesto designa relações íntimas entre parentes ou pessoas afins, corrompe as relações familiares e indica regressão à animalidade.

5.2 Budismo

As sociedades budistas têm fortes posições acerca dos assuntos humanos e comportamentos sexuais. Na maioria dessas sociedades, o incesto é considerado repugnante, mas não é mencionada em nenhuma das escrituras religiosas. Ao contrário da maioria das outras religiões do mundo, o budismo não entra em detalhes sobre o que é certo ou errado em termos absolutos sobre actividades mundanas da vida.

5.3 Hindu

Hinduísmo defende que o incesto é altamente repugnante. Os hindus proibem o casamento entre pessoas do mesmo sangue ou família. No entanto, os hindus SriLankan têm uma metodologia diferente, os primos de sexos opostos (prima e primo) têm permissão para casar.

5.4 Islâmica

O Alcorão estabelece regras específicas sobre o incesto, proibindo um homem de se casar ou ter relações sexuais com a sua mãe ou madrasta, pai, irmãos, sobrinhas, filhas, tias e enteadas.

6. O único problema biológico... reprodução

Foi provado, cientificamente, que relações entre irmãos tem consequências nefastas na gravidez. Mas, actualmente, a razão do casamento ou do namoro não é procriar, pode ser apenas a de partilhar a nossa vida com alguém de quem gostamos.

7. O caso da Alemanha

O Código Penal germânico pune as relações sexuais entre irmãos e irmãs adultos com uma pena máxima de três anos de prisão. Um caso de um irmão e uma irmã que vivem uma relação sexual e da qual já nasceram quatro filhos foram condenados a uma pena de dois anos e meio de prisão. Não se conformando com a condenação recorreram ao Tribunal Constituicional alemão por considerarem que esse artigo do Código Penal constitui uma violação do direito à liberdade de cada cidadão escolher livremente o seu parceiro sexual.

8. Filmes e reações do povo

“Starcrossed” é uma curta-metragem independente sobre dois irmãos adolescentes que se apaixonam, escrita e dirigida por James Burkhammer e produzida pela Power Up em 2005. A maioria das pessoas fica mais chocada com o final trágico do que do facto de as personagens serem irmãos.

“Do começo ao fim” é uma longa-metragem brasileira produzida em 2009 sobre uma história amorosa entre dois meio-irmãos. Pretende contar um amor incondicional como uma possibilidade, como um contraponto para um mundo cheio de violência, medo e intolerância.

Segundo o director, o seu objectivo foi contar uma história sobre irmãos que vivem num ambiente familiar cheio de amor.

O filme trata assunto de forma feliz. “Por que toda vez que se fala de incesto é de forma trágica?”, questionou o director. Apesar de tudo ser contado de maneira bem suave e carinhosa no drama, o director revela que teve muita dificuldade em encontrar patrocinadores. Alguns chegaram a sugerir que os protagonistas fossem trocados por dois primos. Mas acabou por conseguir o patrocínio de dois empresários, que impuseram uma condição:-’ficar no anonimato’.

Conclusão

Os valores culturais e morais de cada sociedade sofreram profundas alterações em quase todos os países e as questões que no passado eram consideradas tabu passaram a ser motivo de discussão pública e de controvérsia.

Espero que com este trabalho consiga mudar preconceitos e ideias feitas acerca de relações amorosas entre familiares.

Caracteres 7595

Bibliografia

Anónimo 1 (2007) “O incesto” Online in http://sol.sapo.pt/blogs/boogie/archive/2007/03/07/140580.aspx

consultado em 6.12.2009

Dani (2009) “Filme: Do Começo Ao Fim” Online in http://vidasdiferentespessoasiguais.wordpress.com/2009/10/29/filme-do-comeco-ao-fim/ consultado em 8.12.2009

Anónimo 2 (2009) “Do Começo ao Fim: mais um filme com temática gay” Online in http://dentrodoarmario.wordpress.com/2009/05/08/do-comeco-ao-fim-mais-um-filme-com-tematica-gay/ consultado em 8.12.2009

Freire, Emerson (2008) “Édipo, a Esfinge e o incesto” Online in http://emeric.wordpress.com/2008/03/10/edipo-a-esfinge-e-o-incesto/ consultado em 8.12.2009

Lobato, Josefina (1999) “A proibição de incesto em Lévi-Strauss” in Família, seus conflitos e perspectivas sociais. Brasil, Belo Horizonte, pp. 14 a 20

Moreira, Jacqueline (2004) “Édipo in Freud: the movement of a theory” Online in http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722004000200008 consultado em 10.12.2009

Lévi-Strauss, Claude (s.d.) “Levy -Strauss e o Incesto” Online in http://www.scribd.com/doc/19773203/Levy-Strauss-e-o-Incesto, consultado em 10.12.2009

Pontes, Andrea (2004) “O tabu do incesto e os olhares de Freud e Levi-Strauss” in Trilhas, Belém, pp. 7 a 14

Cohen, Claudio; Gobbetti, Gisele (s.d.) “O incesto: o abuso sexual intrafamiliar” Online in http://www.cedeca.org.br/PDF/incesto_cohen.pdf , consultado em 11.12.2009

Webpage | joseprudencio.com
Última actualização: 13 de Dezembro de 2009
© José Prudêncio - Lisboa 2009