José Prudêncio
Escola no Ano Zero
www.escola.joseprudencio.com
Maria Morais
TERAPIA E UM BALDE DE PIPOCAS
Projecto de Investigação

1. Tema geral: Domínio Mental

2. Tema específico: Cinematerapia

3. Título do trabalho: Terapia e um Balde de Pipocas

4. Pergunta a que o trabalho responde: Qual a função terapêutica do cinema

5. Programa: para responder a esta questão vou abordar o conceito de Cinematerapia, como surgiu, como funciona e os benefícios que dela advêm.

Maria Guerreiro Morais

12º 3

Estoril, 18 Novembro 2009

Introdução

“Toda e qualquer forma de arte (…) tem efeito terapêutico quando consegue transformar o espectador e torná-lo melhor do que era antes” (Py, Luiz Alberto in Quando a tela de cinema vira divã).

Hoje em dia, a par de todas as outras, surge também o cinema como forma de terapia. O uso dos filmes tem ganho grande popularidade, com um número crescente de terapeutas a contar com este método para mover as pessoas para progressos mais rápidos. Este artigo pretende explorar e descrever o efeito da cinematerapia bem como os benefícios que ela tem para oferecer a cada um de nós.

Cinematerapia

Cinematerapia (ou Film Therapy) é um conceito relativamente novo na sua aplicação prática como um complemento à terapia dita convencional. Baseia-se na prescrição de determinadas obras cinematográficas com o objectivo de funcionar como um adjuvante no percurso terapêutico de um paciente.

A sua utilização ao longo da História

A terapia pelo cinema nasceu nos E.U.A. há cerca de uma década, e tem vindo a difundir-se pela Europa nos últimos anos. Um dos mais reconhecidos pioneiros nesta área é Gary Solomon, também conhecido por “The Movie Doctor”, que publicou em 1995 o livro The Motion Picture Prescription e em 2001 Reel Therapy, que tinham como objectivo a divulgação do método juntamente com os seus benefícios.

Outro grande precursor da Cinematerapia foi o psiquiatra italiano Vincenzo Mastronardi, professor de Psicopatologia Forense e grande adepto deste método, que tem estudado e aplicado a mesma técnica nos seus pacientes. Inicialmente, utilizou a terapia apenas em pessoas com perversões sexuais e tendência ao vitimismo. O psicanalista afirma que, no término do tratamento, os testes revelaram uma notória melhoria nos pacientes.

Apesar de ser relativamente recente, o conceito por detrás da Cinematerapia remonta à Tragédia na Grécia Antiga, na qual se tentava alcançar a Catarse (Kátharsis), ou a purificação dos espectadores, pela representação dramática. A principal função na tragédia era ser capaz de se reconhecer a si mesmo nas peças que interpretavam, e ao mesmo tempo conseguir o distanciamento necessário para exteriorizar as suas emoções estendendo-as ao público, fazendo com que os espectadores sentissem aquilo que os actores representavam.

Actualmente, devido à evolução da Cinematerapia nos últimos anos, existem mais de 2000 filmes catalogados para o tratamento de inúmeros problemas emocionais.

Como Funciona

Este método tem como pressuposto o facto de que as pessoas podem estar tão absorvidas pelos seus problemas, sejam eles vícios, relações disfuncionais, traumas ou simplesmente más escolhas, que perdem a perspectiva da realidade. Disto advém frequentemente a falsa noção de que certa situação não tem resolução, parecendo-nos maior e mais grave do que é na verdade.

É precisamente neste ponto que entra a Cinematerapia. Nas sessões são seleccionados filmes que se encaixam na problemática pessoal do paciente, fazendo com que este identifique o seu próprio drama na história, permitindo não só um maior distanciamento e objectividade críticos na avaliação dos seus problemas, mas também a troca de experiências e ideias sobre como a melhor forma de lidar com determinado assunto e a descoberta de caminhos alternativos em oposição ao seu padrão comportamental habitual. Existem ainda os casos de pacientes que sentem uma grande dificuldade em identificar e verbalizar os seus sentimentos. Aqui verifica-se outro benefício da Cinematerapia, na medida em que age inconscientemente no espectador, ajudando à manifestação de sentimentos reprimidos.

Que aspectos garantem a eficácia deste método?

“Scientists now think that during therapy, the individual is able to suspend his or her disbelief long enough to confront individual issues.” (Raman, Reeta, 2006). Muitos afirmam também que os pacientes se mostram mais abertos e dispostos a trabalhar nas suas emoções após uma sessão de cinema do que de análise.

Este método segue, portanto, a máxima de que “uma imagem vale mais que mil palavras”, ou seja de que um quadro visual é bastante mais forte e eficaz que instruções dadas pelo terapeuta. Outro aspecto bastante favorável reside no facto de que os filmes poderem ser revistos vezes sem conta, permitindo ao paciente reviver certas situações ou estados mentais, servindo como ferramenta de discussão e análise nas sessões.

Por outro lado, dão-se também modificações ao nível do organismo: estado de menor tensão (mais relaxado), durante a qual há uma diminuição das frequências cardíaca e respiratória, e um aumento da atenção e da capacidade de concentração. Todas estas alterações tornam o indivíduo mais receptivo às ideias e emoções passadas no ecrã.

Num último plano, também toda a atmosfera criada pelo cinema, como as imagens, a banda sonora, as personagens (que podem ser muito inspiradoras) e principalmente a ausência de luz, levam a um ambiente mais intimista, estimulando assim a reflexão.

Estrutura das Sessões

Geralmente cada sessão encontra-se dividida em 4 etapas:

Numa primeira fase, o terapeuta discute e esclarece com o paciente os objectivos para a sessão – identificação da realidade ou situação que é partilhada pelo doente e pela personagem, sentimentos despertos por essa mesma situação ou problemática, etc.

Após este momento elucidativo, seguem-se exercícios de respiração e relaxamento, com o objectivo de favorecer a disposição e receptividade do cliente para a actividade a decorrer.

De seguida, dá-se início ao visionamento ininterrupto do filme escolhido.

Por fim, o terapeuta e o paciente discutem quais os pontos do filme que marcaram ou suscitaram uma alteração no comportamento do mesmo (o examinado deve estar atento às sensações e sentimentos que experiencia durante a exibição do filme), as suas possíveis causas e meios de resolução.

Filmes para diferentes Males

Existem muitos filmes que abordam uma grande variedade de assuntos, por isso, o filme seleccionado depende do problema que se quer tratar. Porém, deve-se ter em conta que a obra tem de ser escolhida com extremo cuidado, preferencialmente por um especialista, pois é uma ferramenta que, quando mal usada, pode causar sérios danos a pessoas com problemas mais profundos como a depressão ou trauma psicológico, por exemplo.

Abaixo estão representados alguns dos filmes receitados e cada um dos seus propósitos. Tem de se ter em atenção que muitas vezes estas narrativas apresentam-se exageradas, mas o mais importante é que o paciente se consiga identificar com elas, e que consiga reconhecer o que o perturba, para que possa agir em função disso.

- “Ray” - Conta a vida do cantor Ray Charles, nascido numa pequena e pobre cidade no estado da Georgia, EUA. Aos 7 anos, começa a perder a visão como consequência do trauma ao testemunhar a morte de seu irmão mais novo. Incentivado pela mãe, Ray encontra seu dom como pianista. A fama explode quando ele ousa incorporar o gospel, o country e o jazz, gerando um estilo inimitável. Ao mesmo tempo, Ray luta conta a segregação racial e o vício da heroína.

Efeito: É uma história de determinação e vontade de viver, que ao mesmo tempo aborda um tema recorrente nos dias de hoje que é a toxicodependência.

- “Sala de Pânico” (Panic Room) – a história centra-se na no drama de uma mulher e a sua filha que são assaltadas durante a noite, e se escondem numa divisão secreta, concebida para emergências, chamada “sala de pânico”. De repente vê-se encurralada lá dentro pelos bandidos, sem hipótese de sair ou chamar ajuda.

Efeito: Ensina as pessoas a como reagir perante uma situação de grande ansiedade.

- “Forrest Gump” – Forrest Gump nasceu com um QI baixo e com uma deficiência nas pernas pela qual tinha de usar aparelhos para conseguir andar. Isto fez com que fosse gozado durante a infância. No entanto, a sua mãe, que o ama incondicionalmente, ensina-o a olhar para os obstáculos como oportunidades e é esta filosofia que o ajuda a sobreviver e prosperar.

Efeito: Este é um filme muito popular nas sessões pelo facto de abranger várias lições de vida: lembra a importância de mudarmos a nossa perspectiva e que os obstáculos nos fazem mais fortes enquanto pessoas.

Outros:

- As confissões de Schmidt (distanciamento entre pais e filhos);

- Erin Brockovich (uma acção pode mudar o mundo);

- O Fabuloso Destino de Amélie (ultrapassar as nossas limitações).

Conclusão

Há muito que a arte é utilizada no processo terapêutico: primeiro com a pintura e escultura, depois pela literatura e agora pelo cinema. Os filmes afectam muitos de nós de uma forma poderosa, combinando o impacto da imagem, música, diálogo e iluminação, fazendo emergir emoções reprimidas ou apenas melhorando o nosso estado de espírito através de uma mensagem positiva, facilitando a reflexão e uma melhor compreensão das nossas vidas. No entanto, este método não deve ser entendido como uma cura fácil para todos os problemas, nem deve ser utilizada sem a presença de um especialista quando o paciente enfrenta questões mais sérias.

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Bibliografia

Anónimo (s.d) Cinematerapia: filmes para a vida. Online in http://saude.abril.com.br/edicoes/0287/bem_estar/conteudo_243736.shtml, consultado em 10.11.2009

Anónimo (s.d.) A Tragédia Grega. Online in http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/tragedia_grega1.htm, consultado em 12.11.2009

Choo , Sylvia Toh Paik (2005) Feeling blue? Forget the therapist, Try movie therapy. Online in http://www.movietherapy.org.sg/movietherapy/pdf/TNPonSunday.pdf, consultado em 10.11.2009

Hesley, John W. (2000) Reel Therapy. Online in http://www.psychologytoday.com/articles/200001/reel-therapy, consultado em 15.11.2009

Honorato, Eduardo J.S. e Denise Deschamps (s.d) Cinematerapia: Entendendo Conflitos. Online in http://www.cinematerapia.psc.br/, consultado em 10.11.2009

Johnson, Bill (2002) Movies as Healing Journeys: Viewing Movies to Understand Life's Problems. Online in http://www.storyispromise.com/healing.htm, consultado em 10.11.2009

McConahey, Meg (2003) Film Therapy. Online in http://www.cinematherapy.com/pressclippings/pressdemocrat.pdf, consultado em 12.11.2009

Poty, Clarissa (2008) Quando a tela de cinema vira divã. Online in http://www.medimagem.com.br/secao.php?s=2&id=5032, consultado em 10.11.2009

Raman, Reeta (2006) Can’t stop bickering? Try cinematherapy. Online in http://www.movietherapy.org.sg/movietherapy/pdf/GSToday30May.pdf, consultado em 10.11.2009

Maria Morais
MANIPULADO/A POR UM ANÚNCIO? EU?!

Projecto de Investigação

1. Tema geral: Ética

2. Tema específico: A Psicologia da Persuasão

3. Título do trabalho: Manipulado/a por um anúncio? Eu?!

4. Pergunta a que o trabalho responde: Como somos influenciados a comprar (um automóvel)?

5. Programa: pretendo explorar as técnicas de persuasão mais utilizadas actualmente, descrevendo o seu efeito no espectador e consequentemente o porquê da sua eficácia. A cada técnica farei corresponder um exemplo facilmente identificável no nosso quotidiano.

MANIPULADO/A POR UM ANÚNCIO? EU?!

Maria Guerreiro Morais

12º3, nº12

Estoril, 10 de Dezembro 2009

Introdução

A publicidade e a persuasão são algo com que nos deparamos quase a toda a hora no nosso quotidiano. No entanto, poucos são os que compreendem os conceitos na sua totalidade e aquilo que envolvem na sociedade actual: a manipulação da vontade do público através de normas estudadas e estruturadas de acordo com os nossos padrões de comportamento.

Publicidade: o conceito e o propósito

A publicidade é uma técnica cujo objectivo consiste em promover a venda de produtos ou serviços, ou ainda a divulgação de ideias. Ora, para conseguir o seu objectivo a publicidade tem de ser obrigatoriamente persuasiva, pois procura levar o público ou o espectador a agir de determinada maneira, alterando as suas atitudes, crenças ou comportamentos. No entanto, esta adesão depende, em larga escala, do discurso publicitário e das técnicas de persuasão utilizados, que recorrem, na maioria das vezes, ao subconsciente do consumidor apelando a instintos profundos enraizados no ser humano.

Técnicas de Persuasão

“The scientific study of the process of social influence has been under way for well over half a century, beginning in earnest with the propaganda, public information and persuasion programs of World War II. Since that time, numerous social scientists have investigated the ways in which one individual can influence another’s attitudes and actions.”(Cialdini, Robert,s.d.). Robert Cialdini, psicólogo social e um dos maiores especialistas no estudo dos princípios psicológicos que nos predispõem a comprar, estabeleceu 6 normas gerais que favorecem uma resposta positiva no consumidor: “Six basic tendencies of human behavior come into play in generating a positive response: reciprocation, consistency, social validation, liking, authority and scarcity”( Robert, Cialdini, s.d.). De acordo com o autor, os seis princípios são assim explicados:

Princípio da Reciprocidade

Defende que as pessoas tendem a aceder à oferta que lhes é feita se, em primeiro lugar, tiverem recebido um favor. Estes favores podem assumir diversas formas, quais sejam descontos acentuados, promoções, ofertas, etc.

Princípio da Consistência

Afirma que as pessoas se sentem mais dispostas a agir de determinada maneira se isso for consistente com a forma como se têm comportado ao longo da sua vida.

Princípio da Validação Social

Quanto mais popular e socialmente aceite for um comportamento, maior será a tendência para seguirmos o mesmo caminho.

Princípio da Atracção

Baseia-se na noção de que as pessoas estão mais dispostas a ajudar ou concordar com aqueles de quem gostam, com quem se identificam ou por quem se sentem atraídos.

Princípio da Autoridade

É utilizado quando se recorre a um especialista de uma determinada área para ajudar a vender o produto, serviço ou ideia em questão. Nesta categoria está também incluído o princípio do testemunho autorizado, que se centra nas personalidades admiradas pelos consumidores, podendo ou não ser especialistas.

Princípio da Escassez

Nesta técnica, e de acordo com o provérbio “o fruto proibido é o mais apetecido”, a vontade de possuir um bem é tanto maior quanto mais raro for o objecto de desejo.

Estudo de Caso: Publicidade a automóveis

Para uma análise mais detalhada procurei escolher uma área específica, ou um produto em particular, para descrever as técnicas mais comuns na sua promoção (e/ou venda) e o porquê da sua utilização e eficácia. Assim, a amostra escolhida foi a área automóvel, por abranger uma grande diversidade de princípios persuasivos, presentes quer em publicidade, quer no contacto directo vendedor - cliente.

Reciprocidade

“All societies subscribe to a norm that obligates individuals to repay in kind what they have received.” (Cialdini, Robert, s.d.). Desde pequenos que somos educados para retribuir os favores que nos fazem, sentimos essa obrigação. É precisamente isto que é explorado em termos persuasivos. Quando há favores que ficam sem retribuição, a parte que “fica em falta” é frequentemente vista de forma negativa pelos seus pares, algo que procuramos evitar. O consumidor, face a estas concessões, acede geralmente à oferta que lhe é feita, agindo quase inconscientemente, visto que se trata de um esquema de comportamento social apreendido e enraizado. Do ponto de vista automóvel, é frequente o vendedor dispor-se a baixar o preço ao máximo para satisfazer as necessidades do cliente, ou mesmo incluir uma oferta adicional na compra do produto.

Autoridade

Em publicidade recorre-se muitas vezes a especialistas de uma determinada área para recomendar o produto que se está a tentar vender. O cargo que estas pessoas ocupam ou os conhecimentos que demonstram facilitam o assentimento por parte do público, tornando os produtos mais credíveis, seguros e eficazes aos nossos olhos: “we are more likely to follow a proposal from someone who seems both expert and trustworthy.” (Welby, Peter, 2007). Sobre a razão que leva as pessoas a anuir mais facilmente com o que é proposto, Robert Cialdini revela o porquê: “Their insights help us choose quickly and well.” (Cialdini, Robert, s.d.).

No entanto, o termo “autoridade” não se resume só a médicos, dentistas ou políticos. O que acontece é que temos tendência a atribuir uma certa autoridade a pessoas que admiramos, mesmo que estas estejam a representar um produto ou ideia que nada tenha a ver com a sua área. É aqui que entra o princípio do Testemunho Autorizado, que procura levar o consumidor a agir conforme as acções daqueles por quem nutrem admiração. São muitas vezes utilizadas celebridades e desportistas para fazer surtir esse efeito: “we can easily be steered in the wrong direction by ersatz experts—those who merely present the aura of legitimacy” (Cialdini, Robert, s.d.). Este método acaba por ser tanto ou mais eficaz que o apoio de peritos, especialmente na camada mais jovem. O criador dos 6 conceitos gerais, apresenta ainda um exemplo que comprova a força deste princípio: “A highly successful ad campaign in the 1970s featured actor Robert Young proclaiming the health benefits of decaffeinated coffee. Young seems to have been able to dispense this medical opinion effectively because he represented, at the time, the nation’s most famous physician.”(Cialdini, Robert).

Neste caso, são habituais as recomendações de marcas automobilísticas de renome ou ainda de pilotos de Fórmula 1, como é o caso do anúncio da Mercedes, em que figuram as estrelas das corridas Alonso e Hamilton (Youtube.com, palavras – chave: McLaren Mercedes Alonso Hamilton Hakkinen).

Validação Social

“We are most likely to behave in a particular way if we believe people like ourselves are doing the same.” (Wilby, Peter, 2007). “One fundamental way that we decide what to do in a situation is to look to what others are doing or have done there. If many individuals have decided in favor of a particular idea, we are more likely to follow, because we perceive the idea to be more correct, more valid.”(Cialdini, Robert, s.d.). É assim que funcionam todos os Top´s de livros e de álbuns, filmes, etc., como é o caso da New York Times Best Seller List, uma das mais prestigiadas da actualidade.

Ora, aplicado à indústria automóvel, esta validação social acontece na medida em que certas marcas são tidas como sendo as melhores do mundo, porque a maioria as considera como tal. Estas marcas representam o epítome do luxo e da velocidade, tendo como grandes líderes a Ferrari, Lamborghini, Bentley, BMW, etc. Para além dos Top’s de preferidos, existem também as categorias de produto do ano, ou neste caso, carro do ano. A razão pela qual estas opiniões se têm mantido durante tanto tempo (não obstante à qualidade superior destes veículos) pode relacionar-se também com a questão da Consistência e da Escassez:

“The desire to be, and to appear, consistent.” (Cialdini, Robert, s.d.). Há aqui, uma exploração da pressão social para nos mantermos consistentes com as nossas crenças, atitudes ou comportamentos. Exemplos eficazes desta estratégia são os donativos feitos a certas instituições de caridade: uma pessoa que já tenha doado alguma coisa no passado (tempo, dinheiro, bens essenciais, por exemplo), tem maior probabilidade de voltar a contribuir para a mesma instituição do que um indivíduo que nunca o tenha feito.

Por outro lado, o facto de o artigo ser de edição limitada, ou único sob algum aspecto, aumenta significantemente o impulso de compra dos consumidores, que o vêm aliado a um prestígio e a um estilo de vida apelativos.

Atracção

“People prefer to say yes to those they like.” (Cialdini, Robert, s.d.). Esta norma é das mais utilizadas em publicidade nos dias de hoje: temos uma grande tendência para gostar de pessoas que sejam parecidas connosco, que partilhem dos nossos interesses, crenças e gostos. “Consider the worldwide success of the Tupperware Corporation and its “home party” program. Through the in-home demonstration get-together, the company arranges for its customers to buy from a liked friend, the host, rather than from an unknown salesperson. So favorable has been the effect on proceeds that, according to company literature, a Tupperware party begins somewhere in the world every two seconds.” (Cialdini, Robert, s.d.).

Outro factor importante é a atractividade física de uma pessoa, a forma como esta se apresenta contribui para o seu potencial de persuasão: “In a 1993 study conducted by Peter H. Reingen of Arizona State University and Jerome B. Kernan, now at George Mason University, good-looking fundraisers for the American Heart Association generated nearly twice as many donations (42 versus 23 percent) as did other requesters.” (Cialdini, Robert, s.d.). Este facto é facilmente percebido e visível, tendo uma maior incidência no público-alvo masculino, precisamente no sector automóvel. Mulheres atraentes em exibições de carros conferem a certos modelos, principalmente aos desportivos, uma aparência mais veloz e mais estética, resultante do instinto sexual de domínio e competição do Ser Humano.

Por outro lado, este princípio refere-se também aos diversos modelos de felicidade e vida perfeitas que são transpostos para os anúncios. O que acontece é que acabamos por ser atraídos para esta visão: queremos que a realidade apresentada seja a nossa, e para tal compramos os produtos usados pelas personagens como meio para a alcançar. São frequentemente apresentadas modelos bonitas/os, famílias harmoniosas, estáveis e seguras. O mesmo se aplica aos automóveis, onde se tenta passar essa mesma ideia de carro de família, onde se põe a segurança em primeiro lugar, sem descuidar as linhas estéticas do veículo.

Conclusão

Embora muitas vezes utilizados de forma negativa, estes métodos representam também uma ferramenta muito útil, na medida em que, quando bem entendidos e aplicados, nos podem ajudar a ganhar uma certa vantagem na competitiva sociedade actual, quer seja no mercado de trabalho ou mesmo na organização da vida doméstica.

No entanto, verifica-se frequentemente um abuso destes princípios, muitas vezes extremamente subtil, o que torna mais difícil a sua regularização. Como consumidores deveríamos tentar compreender estas técnicas, tornando-nos mais conscientes e consequentemente mais críticos quando confrontados com elas.

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Bibliografia de base

Castro, Paulo Vieira (2007) A mente nas decisões de consumo. Online in

http://www.psicologia.com.pt/artigos/ver_opiniao.php?codigo=AOP0121&area=d15&subarea=d15C, consultado em 7.12.2009.

Cialdini, Robert (s.d.) The Science of Persuasion – Scientific American Mind. Online inhttp://www.influenceatwork.com/Media/RBC/SAM_Reprint.pdf , consultado em 8.12.2009.

Cialdini, Robert (s.d.) Influence: The Psychology of Persuasion. Online in http://www.shearonforschools.com/influence.htm, consultado em 8.12.2009.

Wilby, Peter (2007) Persuasion is a science. Online in http://www.influenceatwork.com/Media/UK_New_Statesman.pdf , consultado em 8.12.2009.

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Ribeiro, Bruno (2008, Maio 12) Psicologia da Persuasão: A Norma da Consistência. Online in http://dissonanciacognitiva.wordpress.com/2008/05/12/psicologia-da-persuasao-a-norma-da-consistencia/, consultado em 7.12.2009.

Ribeiro, Bruno (2008, Maio 22) Psicologia da Persuasão: A Norma da Autoridade. Online in

http://dissonanciacognitiva.wordpress.com/2008/05/22/psicologia-da-persuasao-a-norma-da-autoridade/, consultado em 7.12.2009.

Ribeiro, Bruno (2008, Maio 2007). Psicologia da Persuasão: A Norma da Validade Social. Online in http://dissonanciacognitiva.wordpress.com/2008/05/27/psicologia-da-persuasao-a-norma-da-validade-social/, consultado a 7.12.2009.

Ribeiro, Bruno (2008, Junho 3) Psicologia da Persuasão: A Norma da Escassez. Online in http://dissonanciacognitiva.wordpress.com/2008/06/03/psicologia-da-persuasao-a-norma-da-escassez/, consultado em 7.12.2009.

Ribeiro, Bruno (2008, Junho 11) Psicologia da Persuasão: A Norma da Atracção. Online in http://dissonanciacognitiva.wordpress.com/2008/06/11/psicologia-da-persuasao-a-norma-da-atraccao/, consultado em 7.12.2009.

http://www.youtube.com/results?search_query=F1+Mclaren+Mercedes+Benz+Alonso+Hamilton+Hakkinen+Commercial&search_type=&aq=f, acedido em 9.12.2009.

http://www.youtube.com/watch?v=BDRoVbKF8Cg&feature=related

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Última actualização: 13 de Dezembro de 2009
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