Projecto de Investigação
1. Tema geral: Sentido da vida
2. Tema específico: Eutanásia
3. Título do trabalho: Estudo de um caso real.
4. Pergunta a que o trabalho responde: Se temos o direito a uma vida digna porque não temos o mesmo direito para a morte digna?
5. Programa: Para formular uma resposta a esta questão vou estudar um caso real a partir dai tirar uma conclusão.
Francisco Bioucas
12º3, nº7
18.11.2009
Introdução
Com este trabalho pretendo dar a conhecer aos meus colegas e às pessoas interessadas parte da história de Ramón Sampedro e ao mesmo tempo, fazer uma pequena reflexão sobre a eutanásia.
Significado da Palavra
Eutanásia “significa, etimologicamente, a morte fácil sem dor, sem sofrimento. Na linguagem corrente, corresponde ao assassínio por piedade, à morte agradecida. Consistiria na morte determinada e provocada pelo médico assistente ao doente, portador de doença crónica, incurável, de prognóstico indiscutivelmente fatal e doloroso mas pressupondo o consentimento do próprio doente ou familiar.”
Enciclopédia Luso-Brasileira de cultura volume 8 editorial Verbo Lisboa
Breve Historia
Ramón Sampedro era um galego que aos 19 anos fico tetraplégico, ao saltar do cimo de uma rocha para dentro de água, de cabeça, em consequência, ficou acamado durante 29 anos. Contudo aos 26 anos solicitou à justiça espanhola o direito ao suicídio assistido, durante cinco anos o processo esteve nas mãos da justiça, mas esta recusou. Sendo assim continuou a ver a vida a passar a sua frente não podendo fazer uma única coisa sozinho, necessitava constantemente que estivesse sempre alguém ou pé dele para o tratar. Contando sempre com o apoio da sua família e dos seus amigos.
A 14 de Janeiro de 1998 com a ajuda dos seus amigos este cometeu suicido, deixando um vídeo a demonstrar que tinha sido o próprio a tomar aquela decisão de livre vontade.
Como se deu o suicídio?
Segundo Ramona Maneiro, sua amiga, o suicídio decorreu da seguinte forma, como o descreve sete anos depois num programa televisivo. Pegou em dois copos de água cheios, em cada um colocou uma substancia diferente. Há sua frente pôs uma balança onde pesou uma aspirina e ao mesmo tempo cianeto, tudo com o consentimento do mesmo e dos amigos e familiares. De seguida em cada um dos copos pôs uma aspirina e no outro o cianeto em pó, e duas palhinhas uma em cada ao alcance da sua boca de Ramón Sampedro. Antes de ingerir o conteúdo dos copos pediu a um dos amigos para filmar que estava a tomar aquela decisão de livre vontade, que ninguém o tinha obrigado e mais ninguém tinha a ver com a prática daquela acção, principalmente os seus amigos e familiares, filmando assim as imagens de este a escolher o copo que continha o cianeto e a ingerir o próprio veneno, tendo assim uma morte rápida e sem sofrimento.
Veneno usado
Azul da Prússia ou cianeto é um composto químico que contem o grupo ciano, com uma ligação tripla entre o átomo de Carbono e o de Azoto. Este é extremamente tóxico sendo considerado um dos venenos mais letais para o homem. São necessárias aproximadamente 0.5 a 1mg para matar um homem de estatura média.
O seu uso é diverso, como na indústria da impressão, onde é utilizado o ferrocianeto ou azul da Prússia, ou então como combate as pragas, sendo o seu manuseamento extremamente perigoso.
Em vez do cianeto também se poderia ter sido usado morfina apesar de a dose ter de ser mais elevada, mas os efeitos seria os mesmos do que o veneno anterior. Neste caso não morreria de envenenamento mas sim de overdose.
Justiça Espanhola
Depois da sua morte as autoridades espanholas acusaram Ramona Maneiro e os outros amigos de terem praticado o assassinato do amigo. Contudo não ouve provas suficientes para os incriminar por isso foram ilibados.
Não houve provas suficientes para acusar alguém porque: o vídeo no qual confessava que estava farto de viver naquelas condições, de ver a vida a passar e de não puder usufruir do que o rodeava e gostava, mas este discurso não serviu de nada perante a justiça espanhola. Surgindo assim uma grande polémica em volta deste caso aumento ainda mais quando começaram a acusar os amigos e familiares, em consequência destes actos um movimento internacional de pessoas que defendia e defende a eutanásia começaram e enviar cartas onde confessavam terem sido estas a praticar tais acções sendo assim a por motivos legais não pode acusar ninguém.
Vale ou não a pena viver nestas condições?
Sempre ouvi dizer que a esperança nunca morre, mas nestes casos penso que sem motivação, sem capacidade para nos movimentarmos, sem possibilidade de podermos fazer aquilo que sempre gostamos e apreciamos, perdemos todas as hipóteses de realizar os sonhos que sempre quisemos. Sem motivação perdemos a esperança, sem esperança começamos desistir aos poucos e poucos mesmo que tenhamos acompanhamento daqueles que mais gostamos e amamos, penso que isto nos leva a desistir.
Isto foi o que aconteceu com Ramón Sampedro, desistiu da vida, compreendo perfeitamente as suas razões, possivelmente faria o mesmo, mas só vivendo esta situação é que poderia responder concretamente a questão visto que na realidade há possibilidade de a medicina evoluir de tal maneira que seja possível descobrir a cura para as doenças incuráveis, possivelmente tal evolução não devera decorrer nos próximos séculos, á de acontecer.
A eutanásia sempre existiu, era pratica normal entre os celtas, nomeadamente quando os idosos se tornavam incapacitados ou as crianças ao nascer tinham uma deficiência, eram eliminados porque não existia a possibilidade de estar a tomar conta destes grupos sociais, pois eram um fardo para a sociedade por isso era mais simples e seguro terem uma morte rápida, a questão de doença incuráveis nem era debatida sabia-se perfeitamente que os indivíduos com essas doenças não tinham hipóteses e nem se punha a questão de cuidados paliativos.
Actualmente estas pessoas já não são um risco para a segurança da população, já existem um conjunto de cuidados e pessoas responsáveis pelo seu tratamento, penso que são bem tratadas, mas o suicídio assistido deveria ser permitido. Acho que existe um conjunto de “mitos” religiosos e morais em relação a este tema, não deixando assim as pessoas tomar decisões livremente o que é completamente injusto e incorrecto cada um é responsável pela sua vida.
Contudo a eutanásia só é permitida na Holanda e na Bélgica mas só se o doente tiver um estado mental propício para tomar essa decisão a qual tem de ser aprovada por duas juntas medicas distintas. Na Suíça legalmente esta não é permitida mas há uma falha na legislação que diz que cada doente se pode suicidar caso seja este a ingerir o próprio veneno.
Em Zurique foi criada uma companhia ONG Dignitas, sem fins lucrativos, para ajudar estrangeiros que queiram praticar o suicídio assistidos, estes apenas pagam as despesas da viagem, e antes da sua execução os seus casos são estudados, o uso corrente deste método tem vindo a crescer em 2000 foram três caos e em 2002 e dois já foram 55 e tem continuado a crescer.
Conclusão
A partir deste trabalho posso concluir que a sociedade actual é muito fechada, assenta ainda em muitos princípios que já deveriam ter sido ultrapassados. Acho que se alguém estiver como o Ramón Sampedro deveria por de parte todos os princípios religiosos, morais, legais que as outras pessoas lhe impõem e fazer aquilo que pensa ser o mais correcto para o mesmo. Termino lembrando uma nossa pratica antiga, a do abafador.
7036 Caracteres.
Bibliografia de Base
José Roberto Goldim (1998-2007) http://www.ufrgs.br/bioetica/sampedro.htm consultado em 14.11.2009
Márcia Augusto (14 de Janeiro de 2005) http://dn.sapo.pt/inicio/interior.aspx?content_id=605987 consultado em 14.11.2009
Ruben Dias (24 de Abril de 2008) http://eutanasiaap.blogspot.com/2008/04/casos-reais-1.html consultado em 14.11.2009
Wikipédia (17 de Outubro de 2007) http://pt.wikipedia.org/wiki/Cianureto consultado em 14.11.2009
Wikipedia ( 12 de Novembro de 2009) http://pt.wikipedia.org/wiki/Morfina consultado a 18.11.2009
Ruben Dias (24 de Abril de 2008) http://eutanasiaap.blogspot.com/2008/04/casos-reais-1.html consultado em 14.11.2009
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